O hype de Pantera Negra é verdadeiro, vai muito mais além do que esperávamos e consegue ser o filme esteticamente e conceitualmente mais diferente da Marvel até o momento. Dirigido por Ryan Coogler o filme tem início logo após os eventos de Capitão América – Guerra Civil, quando o personagem foi inicialmente apresentado ao grande público. Acompanhamos a cerimônia de sua coroação, já que seu pai T’Chaka (John Kani) morreu tornando-o sucessor direto ao trono, mas nem todas as tribos concordam com a sucessão.
Tendo como mote a questão política – Wakanda deve ou não mostrar-se ao mundo e dividir seus recursos tecnológicos com todas as nações, se sim quais as consequências disso no futuro? E mais, a questão social que é mostrada num flashback e levanta a questão do genocídio que o negros sofrem diariamente e não podem fazer nada, assim como a questão histórica no qual determinado personagem levanta ao ser questionado por uma pessoa caucasiana, num museu e que parece desconhecer ou simplesmente ignora tal – como o mundo o faz diariamente, seguindo o senso comum. A ferida é mais cutucada ainda quando situações cotidianas (um negro num museu e cercado por seguranças) que nos remete ao dia a dia em lojas, supermercados e quaisquer lugares públicos que um negro frequente ou entre e acaba por sofrer o mesmo tipo de abordagem. O racismo velado que a sociedade tem e é escancarado de maneira simples na fala de Killmonger (Michael B. Jordan), fala essa que habita a mente de todo jovem afrodescendente. Por isso o filme é representativo, já fala diretamente com seu público.
Como abordar a questão cultural de um país africano que mantém suas tradições, mas que é rico tecnologicamente? o design de Wakanda é tradicional e futurista, assim como nas HQs. O conceito de sucessão ao trono, quando tiram os poderes do Pantera para enfrentar em igualdade o desafiante ao trono, o momento da coroação quando se vai a outro plano e visita seus ancestrais – cuja fotografia de Rachel Morrison mostra-se magnífica, o laboratório tecnológico que tem visual etéreo, todo esse contraste visual é um show a parte.
Apesar de tantos pontos positivos, o filme tem apenas um problema, e este problema vem sendo algo frequente nos filmes da Marvel Studios, terceiro ato fraco apesar da grande batalha, o CGI tira grande parte do charme da luta – não tão longa entre T’Challa (Chadwick Boseman) e Killmonger, mas ainda assim não compromete o resultado final do filme, que nos mostra mulheres empoderadas e de grande personalidade, Nakia (Lupita Nyong’o) como a revolucionária que luta pelo seu povo, a leal general das Dora Milaje (guarda real de Wakanda) Okoye (Danai Gurira) cujo carisma mostra o porquê da personagem estar presente no próximo filme d’Os Vingadores Guerra Infinita, e por fim a irmã de T’Challa, Shuri (Letitia Wright) que é quem cuida dos aparatos tecnológicos do irmão e para a nação, uma espécie de Tony Stark de Wakanda e que aparenta fragilidade, mas que esconde uma guerreira dentro de si.
Por fim o filme dá aquela cutucada no governo de um certo bilionário que não é filantropo, mas que não vem agradando muito a opinião pública e cai como uma luva e a cena final do filme é de brilhar os olhos, principalmente para aquele jovem negro que sempre buscou um herói que se assemelhasse consigo e este pudesse dizer dentre tantos Super-Homens, Batmans e afins que enfim tem um herói em quem projetar sua imagem e semelhança, para sempre Wakanda.
P.S.: Há duas cenas extras pós créditos.
gosto de filmes principalmente no cinema